quarta-feira, 1 de setembro de 2010

COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA

As Comemorações do Centenário da República pretendem evocar historicamente os acontecimentos que levaram à implantação do regime republicano e honrar a memória daqueles que se entregaram à causa da República. A Consultua pretende comemorar o evento, publicando alguns testemunhos e opiniões de adultos certificados no CNO.

“ (…) A Comemoração do Centenário da República tem um importante papel a cumprir. (…) É tempo de recordar. Decorridos cem anos, sumidas as exaltações, passados os antagonismos, eis o momento oportuno para exercer a arte da memória. (…) Palavras de esperança foram proclamadas em diversas ocasiões ao longo da nossa História. Palavras como Liberdade, Democracia, República. (…)
Uma coisa tenho como certa: a necessidade que sentimos de comemorar a República demonstra que o passado continua em nós, como memória que se quer viva e mobilizadora. Está em nós a capacidade de mudar, de começar de novo todos os dias, podendo ser sempre um pouco melhores, sem pôr tudo em causa. Aprendendo, afinal, com a História. (…)
Faço votos para que estas comemorações constituam um factor de mobilização nacional, capaz de incutir nos Portugueses do século XXI (…) um espírito feito de inconformismo e de esperança, alicerçado no desejo de um Portugal melhor, mais fraterno e mais solidário. “

EXCERTOS DO DISCURSO PROFERIDO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA NA COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA (Porto, Janeiro de 2010)

O que representa para si a República? Acha que vale a pena comemorar o seu centenário?

3 comentários:

José Fonseca – antigo Presidente e Secretário da Junta de Freguesia de Mirandela e antigo Presidente da Assembleia de Freguesia de Mirandela disse...

A NOSSA REPÚBLICA

A implantação da República, para mim, representa várias mudanças, começando pela eleição de uma Assembleia Constituinte, cujo Presidente foi o senhor Prof. Henrique de Barros, o mesmo, por sua vez, presidiu à aprovação e ao decreto da Constituição Republicana de 1976, com as variadíssimas Leis e respectivo Regimento devidamente aprovados pela Assembleia Constituinte de 1975.
Em 1976, houve necessidade de eleger os membros das Autarquias Locais, Câmaras Municipais, Assembleias Municipais, Juntas de Freguesia e respectiva Assembleia de Freguesia. Tivemos de fazer os respectivos regimentos para a Assembleia Municipal e de Freguesia. Depois de 1978, teve que ser elaborado o recenseamento eleitoral de todos os cidadãos maiores de 18 anos.
As Comissões Recenseadoras funcionaram na sede da Junta de Freguesia, o que não era tarefa fácil, não existia o mínimo de condições para fazer o serviço, pessoalmente fui responsável pelo Recenseamento na Freguesia de Mirandela.
As Juntas de Freguesia só estavam habituadas a passar atestados e declarações, o que era muito pouco, ora com a implementação da República tivemos que alterar os vários costumes que existiam para melhor servir a população que nos elegeu.
De um modo geral tiveram que ser feitas várias reformas, tais como na saúde, no ensino, no trabalho, na agricultura, na economia, nas finanças, nas obras públicas, na cultura, na defesa, nos negócios estrangeiros, na justiça, mas sempre se tentou fazer pelo melhor, ou seja, pela via mais justa para todos os cidadãos, mesmo assim, espero que haja mais justiça social no futuro.
Faço assim votos para que a República comemore o seu centenário com mais alegria e saúde para todos os Portugueses, pois bem necessitamos…
Viva a República!

Manuel Pontes disse...

Só mudou a nobreza, porque o povo é sempre o mesmo...

Começaria por dizer, e para que não restem dúvidas, que eu me considero republicano, sem no entanto me considerar anti-monárquico.
Esta aparente contradição, quanto a mim, faz parte do nosso subconsciente colectivo, senão vejamos; celebramos festivamente a implantação da república, mas todos nós glorificamos e nos orgulhamos dos feitos heróicos dos nossos antepassados, continuamos a dar nomes de reis a ruas, praças ou mesmo estabelecimentos privados e o nosso pretendente ao trono continua a fazer vender jornais e revistas!
Os príncipes e princesas das monarquias europeias fazem sonhar as nossas jovens e os seus amores e desamores são notícia habitual nos nossos meios de comunicação e não me recordo de ter visto alguma vez nos contos infantis, uma jovem pobre sonhar casar com o filho do presidente da república!
Politicamente, muitas vezes tenta-se associar a república à democracia, mas serão a Espanha e a Inglaterra ditaduras? E a Bélgica, Suécia ou Dinamarca? Quanto ao desenvolvimento económico só possível em república, os países atrás referidos contradizem liminarmente esta teoria.
Não, não pensem que estou a fazer a apologia da monarquia, de maneira alguma. Simplesmente acho que a implantação da república não foi determinante para o nosso desenvolvimento económico e social, mas sim a evolução dos tempos.
Passando a vista por estes cem anos de república, sinceramente não vejo grande coisa de que nos possamos orgulhar colectivamente; quase metade do século, foi passado debaixo de uma ditadura que nos asfixiou sobretudo culturalmente, até lá foi a instabilidade constante, com assassinatos de políticos à mistura, o 25 de Abril de 1974 veio repor uma promessa dos republicanos, ou seja; a instituição da democracia, mas as Monarquias europeias de então já eram democracias há muito tempo! E os nossos políticos actuais não continuam eles a viver principescamente?
Em jeito de conclusão diria que hoje em dia somos tão republicanos, como eram monárquicos a maioria dos nossos compatriotas há pouco mais de um século, ou seja; não estamos contentes com o sistema, mas não temos a certeza que outro qualquer seja melhor. O problema não é do sistema político, mas sim dos políticos que nos governam ou tem desgovernado ao longo dos séculos. A figura do “Zé-povinho”, criada em 1875 por Bordalo pinheiro continua actual, para não dizer cada vez mais actual.
Termino dizendo que não houve mudanças significativas na nossa sociedade relativamente ao fim da monarquia, talvez tenha desaparecido o clero, porque a diferença entre a “nobreza” e o povo continua bem cá. Assim sendo não vejo grandes razões para comemorar, mas talvez aja quem as tenha!

Maria da Luz Figueiredo, Mirandela disse...

A República Portuguesa é um estado de direito onde prevalece a Democracia, a Liberdade e mais Justiça Social.

Tenho esperança que a comemoração deste centenário una o país em torno de uma data histórica tão importante.

Após o 25 de Abril de 74 instalou-se um regime democrático no país, a seguir ao regime totalitarista em que tínhamos vivido até então.

Já com Liberdade, Igualdade e Direitos Sociais participei em diversas manifestações, comícios e reuniões de trabalhadores, bem como o recenseamento eleitoral e mesas de voto das primeiras eleições legislativas. Foi uma experiência significativa, foi muito estimulante contribuir para algo tão importante na nossa sociedade.